"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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3 de jun. de 2012

NÚMERO












Queria encontrar alguém atrás daquela porta. Sim era aquela porta, lembro-me até que havia um tilintar quando ela abria. O cheiro? Cheiro de bolo de fubá fresco na longa mesa de mármore rosa da cozinha.O piano, as partituras e aqueles sofas enormes de veludo vinho e tantos quadros de flores flamengas e retratos em sépia, todos tristes, soberanos em seus trajes de domingo.... Sim me lembro, mas e o número? Seria 416 ou 228? Números da sorte. Seria ao Sul ou ao norte? Não , seria do lado esquerdo. Seria...seria? Do lado esquerdo do peito seria.

A rua não tem lado, nem meio...nem número.























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