"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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15 de set. de 2011

louros e lantejoulas



rompendo a linha dos sonhos
realidade só um olhar as arvores
sou cega, cega ao cheiro da humanidade
ao redor do meu mundo sem habitantes
macio pisar sobre a terra, as pedras da vida
não reconheço meu semelhante
a visão do desligar das mãos,
sem um explicar único
nas cavernas desse coração, está preso, sobrevive
sou no delírio, coberta de louros do ontem
sou passageira, na agonia, Daphne
meu homem, um triste animal
não era Apolo, no engano travestiu-se
fui, sou amante de Pã. Ah! Por quê?


mergulho nas águas turmalinas
nos castelos vazios, montanhas salinas
cavalgo em cavalos marinhos, sobrevivo
vestindo corpo azul com flores rendadas
metade escamas, lantejoulas em juncos, conchas
marinha rainha, iemanjá,
metade mulher, um beijo
metade lágrima, água
que em angústia corre e navega
entre os verdes e azuis
oceano da vida, toda terra
esse louco amar



Cíntia Thomé



Exercícios.









Imagem: @cintiathome

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