"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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7 de jun. de 2011

PANDORA ADORMECIDA










Em todas as bonecas o sentido da beleza que alimenta as ilusões, manipuladas por sonhos, estendendo esperança de crescer a menina, colheita, as pérolas mordidas à boca...
Traria assim o perfeito, a honra, a honestidade, o alimento, as riquezas de tesouro, coroa e mais o Amor. Sublime Amor. A fantasia nas cabeças das meninas em infância longínqua... Seria assim se toda caixa de Pandora não fosse aberta somente a devorar a Terra, os outros, com todas as moléstias humanas, os pássaros de fogo, os homens, as águias, os porcos e raposas.. Crescemos em tranças de ráfia, em olhos em pintura, corpo esguio, uma prenda. Sim, sim, uma prenda, o frescor e a beleza. Algumas que se dizem cândidas, canduras, que falam em línguas, que não deixam seus amores adormecerem, descansarem... E sim, morrerem às gotas... São bonecas, bruxinhas a dizerem que a surpresa está ao alcance. Sim, sim, a caixa. A caixa de surpresas, a própria, que traz as doenças do coração, a insônia, o rapto, a prisão, a escravidão. Bonecas com o coração egoísta, pútrida, em casca de porcelana, esta sim os homens, idiotas são comidos, estraçalham-se, danam-se...Mas o mal se cura com o mal, a gordura, a ansiedade, a gula... A boneca, a Pandora, ainda existe, aquela que se chama no início dos despertares inocentes: a Rainha, a Bela Adormecida, na caixa, fitas e laços, a que tem o poder na doçura, no alento, o encanto em carne viva...





















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