"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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6 de jun. de 2011

MANHÃS FRITAS


lembranças poucas
sonolentas espreguiçam
fome vem feroz
por ti e por mim
café de todas iguais manhãs

engulo capsulado esse sol que seria pra ti
escorre na janela de meus dentes
salino mar morno
por esse sofrimento
sua ausência
tilintando talheres e xícaras
correndo e beijando-me
tendo hora marcada

nunca mais
nada marcado nas horas
passado perto
que florias margaridas
ovos estralados
nas janelas dos olhos

distante é o sol, a gema
você distante flor
dez da manhã solitária

manhãs sonolentas fritas
só a hora marcada
no amargo café
salino mar morno
na boca de mim
o talo do sol



cintia thomé















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