"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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3 de abr. de 2011

NÓDOA NO MAR



NÓDOA NO MAR

Criador
Faça-me sol entardecer
No mar adormecendo
No vale dourado escorrendo brilho de mim
Fugindo dos homens
Que não notam a Criatura
Que olham o deserto
Não amam a carne encharcada púrpura
Faça-me sol
Derretendo a dor em sal
E a sinfonia do oceano
Com vozes do vento, das ondas
Lambendo a ilha de mim
Cavalos marinhos galopem em crinas cintilantes
Venham buscar-me para marejar a vida
Faça-me entardecer
Gravando em CD esta cena
O mar anzol de mim
Presa à rede dos desventurados
Para a eternidade dos que não tem dó
Dó de mim... Dó de mim
Criador
Faça-me anoitecer
Na escuridão, na imensidão
Sem a face mentirosa da Lua
Que muda de cara e tem suas fases
Mascarada em face vil prata, amor dos homens
Faça-me adormecer
Ouvindo este instante em replay
Para que a morte seja chorada,
Marejada... Salgada
E eu, mergulhada ao som gravado,
Cravado nas primeiras estrelas
Do céu, do mar, no breu de mim
Ao uivo do vento, cio das ondas
Réquiem de mim
Grão de areia frio
Uma Criatura
Ido brilhante...
Grão final.


Cíntia Thomé


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Livro Olhos de Folha Minha


Foto Imagem autoria Cíntia Thomé 2000



















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