"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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18 de mar. de 2010

força das guerras



Não, não há escravidão, há vida em seus círculos
Nos anéis que te seguram e naqueles que rompem
Há dedos e suas unhas a cravar os muros com palavras não ditas
Há transcendência para o depois, é certo
Mas a força humana das guerras te comove...
Então justifica a tua
Cavando terras, debulhando os grãos em casca dura
Falar, gritar para que eles entendam que crescer terá,
para cada semente vida criar raízes, não rolar mais pelo chão
O chute é provável ou se perder no vento das falas ocultas
Nas terríveis lutas da alma dos anjos melhores
Que impulsionam, sabem que é raiz de pedra, de cedro
Cavar, cavar, lamber a terra entre os dedos
Lamber a mão pela água, pela sede
De ter vidas vividas ao teu redor, a honra de ser, ser amada
ser planta poderosa, ereta
Carregando seus frutos, mesmo o caído.
saborosos em mel nas seivas azuis
Defendendo do mal, a soberba inveja
Seja pau ou pedra, mas com os pés fincados
na defesa com os dentes pelo seu igual
Pleno como a escuridão do céu e como a clara manhã
Mata e mares
Ser Terra inteira
Seja em chuva ou sol
Luz que não se apaga
vela que não derrama
Pois é fé, crédula mãe
Humana Mulher

Cíntia Thomé














Fotografia Teca Frias - Olhares - Divulgação.

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