"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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5 de dez. de 2009

BANHO


BANHO

BANHO (Cíntia Thomé)

Banhada das águas abençoadas
Suores da nossa terra, cama
Escorrendo em minha pele
Perfumes descem na eriçada derme
Pelo teu calor, mãos quentes navegam
Em água fria, fresca
Dessa lasciva última noite
As impurezas retiradas
Aos gritos de quero mais, mais
Pela tua boca sorvendo espumas
Entre pernas, meus pés nos teus
Delicados beijos nas montanhas
Que choviam tempestades
Entre as folhas, múltiplas delas
Tremendo aos toques ritmados
Domínio teu
Espasmos dos troncos
Descabelados e loucos
Seivas dos instantes tantos
Deslizam gotas de água pura
Entre raios e temporais
Resvala fria em minha aberta boca
desliza ainda forte tempero, desejo
Entre as pernas que choram
Ao banho que leva embora
A cumplicidade de diferentes
sangues, espumas
Sabor agridoce
da verdade da vida,
rompendo manhãs
Amanhãs talvez...

Cíntia Thomé



outubro de 2008









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