
PRÓXIMOS ANOS (Cíntia Thomé)
Diante dos destroços
Das latas, navalhas
facas enferrujadas que perfuraram
Minhas ilusões, os latrocínios
Dos cacos de percurso
Dos resquícios no rosto
Sem pintura, a lágrima vadia
Dos inícios e finais
Desastres e quebras
retrovisores das mágoas
Não ouço mais sirenes infernais
O socorro e promessas vãs
Afano os restos de mim
Agarro um pouco de sangue
Na palma de minha mão
Que ainda pulsa e pulsa
E corro a cem
Sem mais falhar relógios
Sem desvios torpes, sem sinais
Sem solavancos,
sem contramão
sem trato e contrato
Na beira da minha estrada
Do agora
Desato velhos atos
Sem quedas e escadas
Sem pontes e lado de lá
refaço meu coração, não páro mais
acerto dos ponteiros
na velocidade
Sem fim
cíntia thomé
Imagem: Gregory Valente
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