"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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28 de jun. de 2009

TANGO OU VALSA, UM VINHO


TANGO OU VALSA, UM VINHO
De Cintia Tomé


Num canto seu casaco
Noutro taças
Espalhadas pérolas
Um colar arrebenta
Ouve-se tilintares
Em descompasso
Junto aos corpos colados
Em dança
Uma salsa,
Ou um tango em Paris
Mas aqui
Acolhe-me em asas
Laça-me, enlaça-me
Cheira-me como fêmea
Morde-me faminto
E sinto
Frenético bailado
Dentro de mim
Desabrocha-me
Em vinhos
Molhados
Colhe-me em sedas
Acolhe-me cansado
Arfando, afanando
Beijos sem pudor
o meu sorriso e meu calor
Aqui ou em Paris
O que sempre quis
Corações embevecidos em valsa
Pele, sua pele
Pele, minha pele
O amor maior
adormecendo entre nós
roçando-nos
úmido
em silêncio



cintia thome


MARÇO 09






Imagem Felipe Pereira, Braga - Portugal - Divulgação

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