
Vou a um canto me encho de limo
No telhado resto de charco
Escondo-me musgo
Mas vivo a esverdear
No interior, um quieto vermelho
Filete de sangue alimenta coração
Ficam indiferentes a mim
Mas ainda adubo
Quem sabe floresço
E um libelo venha tocar-me
Tanta vida escondida
Um néctar sofrido
Uma luta expurgando
Ainda carente do afago
Do pleno sol
ou chuvisco, uma garoa
Quase lesma faz o caminho
Para que metamorfose
Seja dada, arrebente
E voe a procura
Dos lábios labiosos
Da lambida lama
Resto de coração
Num canto de telhado
Numa fresta de vida
Quieta, um quase
cintia thome
Imagem: obra de Lígia Pape
Nenhum comentário:
Postar um comentário