"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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27 de mar. de 2009

semeador sonhador

27/02/2009
Zumbidos dos céus
Planastes em meu chão
Com suas asas e teus cantos,
Respiração ofegante
Suas mãos enxadas, delicadas
Plantastes a semente do amor
na minha pele macia

Jardineiro semeador
No canteiro de meu corpo
Nos poros em ebulição
Sôfregos de paixão
Borbulhando suores, úmida
Lambestes minhas vestes
Regando com sua malícia
No veludo de sua saliva

Pétalas rubras despetalando
Em ais em suavidade lasciva
Sorvias o mel da pétala maior
Como um escravo nas vontades
Atingindo o ápice da docilidade flor
Fazendo-me rainha na vaidade
Arrancando um laço das raízes
Uma liga vermelha sobre os pés
De meu apaixonado coração

Um jogo sem ganhador
Retirastes os espinhos
E fizestes rebrotar a cada instante
A dor do cio em sua língua
Exalando perfume

O néctar escorrendo em seus lábios
O vinho latente do caule
Sangrando amor
Banhando unidos corpos
Um sonhador e sua flor
Um gosto de céu e terra
e suas entranhas
Vida



cintia thome



































Imagem: Google Images

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