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(Júlio Rodrigues Correia)
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(Júlio Rodrigues Correia)
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29 de mar. de 2009
mensagem identificada pollockiana
Mensagem Identificada (Pollockiana)
Joguei todas as tintas
Pisei todas as cores da vida
A tela tombei num vai e vem
Transmutei todos os adjetivos a mim
Fundo branco uma areia rala
Pingos de chuva , garoa paulista
As cinzas de Paris, a prata de Salt Lake
Do chumbo da guerra nos dentes da Espanha
Na metralhadora do Vietnã à Palestina
Tossidas do fog londrino
à fumaça de Hiroshimas
Castelos aguados, paisagens de Van Gogh
Amarelos e noites densas
Roubaram-me das galáxias, às galerias
Joguei-me dos edifícios no poema e poesia
De Ana C. aos cânticos de Salomão
Borrões de ácido do canhão
Lavei-me nas geometrias e traços
Em azuis de Gagarim
Dos Astronautas das tantas luas
E em papagaias e escadas de Tozzi
Esboços, moldando caminhos
Vermelhos e sangues da soberba
Em azulões, balões de quadrinhos
Dos ferros contorcidos da existência,
Aspirais de Lígia e Bonomi
Pollock fui, uma libertina, solta, arrogante
Livre em telas e abalei mundos
Cabeças de cera de Tussauds, ossos derretidos
Bustos e peitos em leite de pedra
Uma morena ninfa de Gauguin
À Marylin de Andy Warhol
Fui célebre por quinze minutos, uma sina
No meio de presidentes, pobres dementes
E suas descargas na latrina
Fariseus virtuosos conheci,
no desvio das correspondências
Nas energias em manchas, sinais verdes
Entre cambuís e flamboyants da Campinas
Ganhei meu amor, a palmeira imperial!
Amores todos!
Andorinhas cantam o adeus
Um telefone desligado, telegrama sem nome
Perdi meu amor, perdi!
No óleo, oleado de mares minhas fugas
Nas cópias em mapas e rios, soltos torrões
No grafite da Bahia à Paulista
Nos troncos em fogo
Apagados de Frans Krajcberg
Nos orixás na dança de Carybé
Estou no mar poluído naufragando
Animais e peixes de Pedro Alexandrino
Das cabeças de Cícero Dias à barca de Noé
Nas visões do Opará e de todas as palafitas
Favelas e parangolés,
Oiticica... Viva o artista!
Vivas aos sozinhos!
No sky de Lucy
No pergaminho das escrituras
Do risco, da linha à pincelada
Da pedra ao linho
Do linho ao papel
Do sintético ao objeto elétrico
não identificado
recicla o plágio
A linha rompida do Equador
Ao on-line
Faço um pingo Pollockiano
Um Ai, um Om, um X ou Y
dos quinze minutos que restam
A fogo e a ferro ou neon
um beijo
uma mensagem teclada doida
Que assino
Com Todo Amor
cintia thome
JACKSON POLLACK
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