"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





.

12 de mar. de 2009

URBANÓIDES



Os girassóis nas ruas dançam
We go together
Urbanóides correm,
Cegos atropelam-se
Os girassóis dançam
Ardor de um beijo no chão
Borro com vermelho batom
Lambidos lábios, a paixão
Faço cara de paisagem
Salto 12, babados e saias
Liga negra corre volúpias
Andantes pensam sem nexo
Nos hotéis, em anexos, negócios
Enforcadas gravatas
Sem sexo na língua, tesão
Alcalóides, debilóides
Neon pisca no rosto solidão
A boca sangra contramão
Espera da number one
a ser seu par
We go together
girassóis dançam
We go together
girassóis dançam
Em faixas neon
Batom
We go together…together


cintia thome




PULSA-ME


PULSA-ME



Sou o pavio interminável
A fibra que estanca o frio
Rebrota a saudade
Em sua retina
Que chora
Quente promessa
Gotas próximas
de amanhãs
Intermináveis...


cintia thome











DEJÁ VU


DEJÁ VU

Pássaros soltos, jovens
Rabiscam em inocente alegria
Céus com olhares azuis
Fazem almas pousarem no mesmo lugar
Num rio doce inda de frescos sonhos

Amam-se quentes em ninho
Mas os burburinhos os chamam
Desgrudam-se asas na incompreensão
Num rio marejado de seixos no caminho
Um vai ao sul, outro ao norte
Triste é a separação

Seguem em sois, chuvas
Tempestades da realidade
Em círculos caem sempre ao vazio
Crescem e em outonos padecem
Procuram-se pelas folhas de outonos
Pesadas dívidas de um amor partido
Acasos e descasos idos

Voltam à mesma cidade do primeiro encanto
Em abraços de tanta saudade
Voam apertados soltos do chão
Rodopiam em promessas e em perdão
Num rio marejado da certeza,
Sem pedras no caminho
Amam-se em dejá vu sofreguidão
Esquecem-se dos anos de solidão
Alçam céus tão mais maduros
Onde o sol brilha corações

Construções falidas devastam
Predadores da maldade, o destino insano
Corrompem o suave ninho de amor
E a águia possuída arranca, separa asas
Um pássaro carregado, o outro não voa não
Em ninho permanece em solidão
Poucas penas, sem braços, chora
Carrega tão pesado coração de amor
Dói mais uma vez desilusão

Em pleno dejá vu na cidade
Asfalto frio nas ruas sem direção
Sem norte ou sul
Uma certa morte
Anunciando último verão
Na janela a ausência cansa
Espera a leveza das folhas
Do próximo outono já vão
E as penas cairão
Em algum lugar

cintia thomé











Imagem: Fragmento Cíntia Thomé
Imagem: Pulsa-me NãoSouEuéaOutra - Portugal

Nenhum comentário: