"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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11 de mar. de 2009

AS SEIS HORAS


AS SEIS HORAS


As seis horas
O sol entardece
As folhas balançam
Para adormecer
O lago negrume
O cisne prateando sem dança
O pássaro azul recolhe teu canto
Conforta-se em gravetos
Os campos tombam e se cobrem
A nuvem copula a montanha
As catedrais fecham suas portas
Os sinos dobram
Aos ais da cidade
E aos gritos de mim
O mendigo cansa cansado
A lua alcança o meu caminho
Farelos de pedras
Sempre as mesmas
Sombra derrama ao chão
Sangra em vermelho minha alma
A lágrima refresca
Afaga o recordo felicidade
Você foi embora
Uma lamparina em cada casa branca
Um leito de amor
Os sinos dobram
Aos ais da cidade
Flores cerram suas pétalas
Dos amores e dores
Silencio-me diante da escuridão
com o ar da harmonia
Morro mais um dia
Morro mais um dia
Orvalhando, orvalhando
Até o sol levantar-se
E romper meu corpo
E dizer-me Bom Dia...


Cíntia Thomé



2008










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