"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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9 de fev. de 2009

VÃOS



Sou vácuo entre suas pegadas
Suas podres havaianas
Sou grão de areia final
Que incomoda seu bolso roto
Sou esparadrapo de seus óculos
Desfocados, olho quebrado
Sou anel perdido de sua mão
Sou som de seus dedos
Na sua ladroagem
No dinheiro que contas
sua navalha nos pulsos
filete desamor
O fio de cabelo no ombro,
um arame farpado
na sua camisa de força
seu crime
Sou fumaça, sua culpa
Dos seus solitários cigarros
Sou esquina que espeta
seus olhos
Sua crueldade
Sou sua angustia
O dente que range
A gengiva que sangra
Pecados
A gravata,
que sufoca, mata seu coração
a ratoeira
Que te come
Em
Silêncio



Cintia Thomé

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