"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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4 de jan. de 2009

VÃO

16/12/2008


Continue a caminhar
Sou o vácuo entre seus pés
E suas podres havaianas
Sou o grão de areia final
Em seu bolso roto
Sou o esparadrapo de seus óculos
Desfocados, olho quebrado
Sou o anel perdido
De sua mão
Sou o som
de seus destros dedos
Na sua ladroagem
No dinheiro que contas
A sua navalha nos pulsos
O fio de cabelo no ombro,
um arame farpado
na sua camisa de força
Caminhe...
Sou fumaça, sua culpa
Dos seus solitários cigarros
Sou a carta inesperada que lambe
a fresta, o vão de sua porta
Sou a esquina dos seus olhos
Sua crueldade
Sou sua angustia
Que mata seu coração
A ratoeira
Que te come
Em
silêncio






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