"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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11 de dez. de 2008

SANTÈ ALUCINA


As carpideiras estão chegando
As frenéticas dançam
Loucas, alucinam
O choro vem baixinho
No globo neon
Últimos suores
Tequilas vãs
Esfrega lingerie noir
Anunciação escandalosa
Velas de natal e candies
Aos visitantes da noite
Mirra, incenso, ouro
A estrela mingua
Na espera da hora
Morre velada,
Pelos desamores, inimigos
Café e lenços da mentira
Flores em chuva
Gota última
Lava-se chão
Cheiros e essências
Escadaria final
Uma bola vermelha
Sol? Lua? Natal?
Beija a terra telha
Telhado sem casa
As carpideiras choram
Frenética dança
Vai-se um astro
Dos signos
A roda nervosa
A ciranda
Perde o guia, a pista
O fogo de vida, o ouro
Serão onze
Madalena judiada no salão
Só é sonho, renuncia
Sem ressurreição
cadeiras empilhadas
Agora eterna saudade
E sem mais uma hora
Agora e nunca mais...
As carpideiras choram
Resto de copo e sal
Entre incenso e mirra...
E tequilas

Cíntia Thomé

São Paulo/SP

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