"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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27 de jan. de 2008

A COR



A COR

Olhos, a cor do mar
Revoltos viram
Espumados desejos
Ondas em júbilo
Avistaram acalento
Teu barco lento ancorar
Invasão na ilha
No cais em marolas
Teus beijos molhados
Nas pálpebras da ostra
Brilho pérola
Cintila todo mar
No suor o navegar
Fundo coral d’alma
Nos mistérios oceânicos
Náufragos delírios
Maremotos sôfregos
A afundar para sempre
O sonho marinho viajante
Desaparecido marinheiro
Conchas cerradas
Desespero marejar
Lágrimas corais
Na gruta negra
Cega ostra
Encolhida pérola
Abandonado olhar
Sem mais
Avistar a cor do mar


Cíntia Thomé

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