"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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11 de set. de 2007

VÉU



MEU VÉU



Com um andar
Medroso e manso
Como um ganso
As flores cheiravam a ranço
Adentrei com um manto todo branco
Mozart em canto
Diluía as falas de espanto
Da beleza radiante
Diante do altar cheguei
Alguém andante
Em algum lugar do mundo
Dizia baixinho:
- Não vá não, minha menina!
Com falsa realeza
Coração em fel
E muito à toa
Com a boca de doce mel
Tornei-me princesa
Sem coroa
De presente ganhei
Uma caixa de sonhos possíveis
Um vestido lilás
Serei rainha?
Em lilás
Apenas lilás
Sim... Vida lilás...






Cíntia Thomé

USA, 25/03/1982

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