"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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3 de jul. de 2010

resvalo




RESVALO


Caminhar entre os ipês
Bronzeados de sol da manhã
Resvalam pétalas ao vento
Cócegas ao asfalto que piso
Vem o sorrir do tempo feliz
Na minha tímida pele
tuas mãos eram presença
tão mornas, efemeridade
como tudo em meus últimos anos
Uma passante, pálida passageira
Das ruas sem nome, sem sítio
um caminho a esmo
Sem lugar aonde ir
Sem encontros, sem traço
Sem morada, sem consolo
Sem a beleza do destino
Levando no peito a soluços
Flores esmaecidas
Sem onde plantá-las
Regadas a lágrimas
Essa nímia dor
Resvalando ao vento
Vento...


Cíntia Thomé





Imagem:@Cíntia Thomé
Ipês de Julho em Campinas,SP(Av. Coronel Quirino/Bairro Cambuí) - ano 2009

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