"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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11 de mar. de 2016

CANTOS



CANTOS

Não sei em que canto
Todos os cantos não tenho mais
danço, rodopio
nesse mar como filme underground
nas cores da chuva fina
que lava o rosto e vai de encontro aos vales
de minhas lágrimas
canta, desencanta, não decanta
e caio outra vez
nesse gosto de desgosto, viu!
tantos anos no corredor
dessa areia
que nao cessa, elevador
no andar de baixo
vem pra cima
e no espelho não vejo aqueles ares
de feliz assim
quebrando a face triste, pois quero tanto, assim
buscar um dia de amigo
de pai, de filho
do possível amor
que nem sei se deixei
na tela parada de um filme nouveau
que mal começou
na taça de cristal, no sangue que bebia
no vinho de garrafa vazia
nem sei que canto ficar
danço e rodopio
no arrepio
de um beijo perdido
no corredor
ou debaixo
ou pra cima
no elevador
que parou
mas a porta não abria
e não abre mais
pois quem sabe
poderia...poderia
te ver
numa lágrima colorida
mas estou sozinha e sentida,
perdida,
quatro cantos
teto neon

Cintia Thome
2016

pintura ost
cintiathome 1983

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