"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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19 de mai. de 2012

FINAL








ouvir bom dia
mesmo pálido
faz-me leveza
viva com certeza
sei que meu corpo
tem as mãos quebradas
pés doloridos
língua sem paladar
gosto semimorto
que a dor anestesia
arrepio rompeu a pele
retalhado coração
como uma flor
suspira a últim seiva
paira no leito
no campo devastado
sem erguer braços
as asas costuradas
linhas na transparencia
assim aproxima 
a boa hora
a boa noite
a flor sonhadora
etérea

Cíntia Thomé





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