"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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5 de jan. de 2012

o que não sei, mas sei


amigos eu fiz, eu sei
o que não sei, mas sei
pode-se perguntar que amigo que és
se ainda na beira da mesa
sinto que já não existe nada
tua presença tão imensa
como na janela onde um dia
tanto chorei e porque não sei
fazer-te embora, nunca mais
só sei que sei
que houve malícia, houve querer
e nem peço razão
pois sem compaixão
deixou-me assim tão mulher
sem saber o que fazer
tão frágil no silencio da noite
dias, nos minutos...
dos segundos fecundos
como outra qualquer
só sei que sei o que é tão difícil
que implorei a mim mesma
esquecer-te seja como amigo, um qualquer
tão inimigo pode ser
navegando meus sonhos
num delírio açoite desigual
mas sorrir nunca mais
e chorar pode ser
pois fiz amigos
tão traidores tão devassos
tão sem querer, és singular
o que não sei
e que só sei, eu sei
desse amor tão triste
nos dias, nos minutos...
dos segundos fecundos
que não ri
mas tão banal chorei



cintia thome















foto: YSL para Dior - 1959

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