"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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23 de ago. de 2011

NO TEU TEMPO PERMANEÇO


TEMPO


não vá
encare o teu tempo
foi meu um dia, teus dias
pertenço ao teu tempo
não tenho nada com isso
o que fez dele e de mim
mas permaneça no vácuo que te fez feliz
do início ao fim
final infeliz pra você, ou nada
pra mim, mais que dor
o tempo chorou
de saudade e amor
permaneças em mim
não fuja, encare
os teus cabelos
que minhas mãos entrelaçaram
já não existem fios desalinhados
minhas mãos permanecem
permaneço em estado letal
talvez semi-morto
permaneço no resvalo de tua pele
no sangue de seus pensamentos
permaneça estático, em quietude
verás que nada houve
de tão trágico e cômico
há a dança dos corpos
a fala surda a você
há os olhos meus admirados
há movimento de mim
que te toca, que te aperta
que te sorri sempre
dois na felicidade
essa coisa tamanha mas vã
na florescência dos sentidos
há leveza, assim permaneças
eu permaneço e não vou
de tão atemporal



Cíntia Thomé








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