"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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14 de ago. de 2011

adeus das águas


Despeço-me de ti
Mar que chora
Choramos...
Punhados de lágrimas
Escorrem dentro de nós
Tesouros guardados, mistérios
Ancoras que nos feriram
As luas afogadas por grande amor
Sóis quentes encharcando com fitas raios
Abraços, laços no cais, ais
Descortinadas manhãs, estrela salina
Conchinhas meninas, púrpuras pequeninas
Algas, daninhas na escuridão,
Cordas, amarras do meu viver
Correntes, elos enferrujados no limbo
Asteróides imersos, filhos da Luz
As secretas virgens, pássaros caídos
Sereias, mulheres, as metades que fui
Areias resvaladas, cicatrizes bronzes
Pérolas, amigos na concha do coração
Escamadas virtudes, óleo da vida
Atracado amor, navegante...

Ah! Amor! ...



cintia thome 2009


(parte do Adeus das Águas)





















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