"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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23 de jun. de 2011

Não há Príncipe...



Não há príncipe, principado sem pessoas ao redor que o amem como ser, sim Ser...Ser inteiro, com o melhor e o pior de si.Não adianta correr atrás da vil fortuna, a mágica se não houver coisas que possam ser tiradas da cartola, como o companheirismo, a dignidade, o amor sincero por ti e dos outros. Não, não há nada belo se a paisagem é do sozinho. Engana-se aquele que acha que suprir necessidades materiais é colher amor. A companhia se torna pagã, um momento como um almoço de domingo e você como Pai , mas não como filho de seus filhos e amigos. A soberania na mesa. O talher tilinta sozinho aos seus ouvidos, pois o vozerio na mesa não é pra ti. E os vivas também não o são. O sorriso engana que te ama, há o sótão dos interesses como Ser provedor da farra de viver...Delata a falta, a falta na cadeira ao lado da força mulher. Essa não se vende e não se compra, conquista-se...A solidão escraviza, pois ela é companhia inexorável da busca incessante da fortuna que te força a ter para num domingo só...uma visita só...é o escárnio, é a mentira velada que te elegem como príncipe, mas o homem se torna o caça níqueis, paga caro para ‘pensar’ que é alguém para alguém. É a construção da superficialidade. É o respeito aparente conseqüência que desaparece às costas...E a noite chega, chega com a dúvida na garganta, mas não a cospe para não sangrar e ver o terrível ostracismo...Pensar em colher, colher e oferecer a colheita a Baco, aos que brindam e te sugam e assim frugalmente regozija-se...
E a solidão abre a tua porta pequena e nos seus ouvidos o fechar da porta e esse nada o faz adormecer pobre, pobre...
E assim precisamos de pessoas a nos amar (não só nos odiar) para que o medo seja abortado e viva nas entranhas de si mesmo, numa cápsula para gritar o delírio de todos, pois somos pobres se somos sozinhos e há de chegar o final e ter a força vibratória dos teus atos e maestria com Chopin ou a nona sinfonia de Beethoven...




cintia thome

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