"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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27 de mai. de 2010

Não há como conter as horas...






Não há como conter as horas...

O amor é como ter nervos nas pontas dos cabelos
E o coração em atritos com as raízes
Com o absurdo da sensibilidade
Não há como deter,mesmo as horas a tocá-lo
a não ser com a palavra
Sílabas sufocantes respingam abandono
E ter ouvidos fechados para o silencio
Haverá sempre o pássaro ateu a descansar
No galho deste tronco que insiste
à espera ao real louvor do visitante
Sonhando na docilidade do resplandecer das frutas
Do sumo suculento, o mel redondo na flor ferida
Das sementes que podem germinar através do bico
A insistência do cantar e alçar vôos assim padeço
Não há o que conter ao fio dos cabelos
Sonhar retornos, o regresso
Com as mãos apertadas, derramando porquês
os joelhos sobre os pensamentos cansados
E tentar nascer de novo


Cíntia Thomé









Imagem: @ Cíntia Thomé - Série "Rita" ( Rita de Cascia)- Direitos Registrados

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