"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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3 de mar. de 2010

PÉROLA


PÉROLA


Pérola filha da Terra
Do mar, nas conchas
Nua, tímida, altiva carne
Cresce, camaleão,
Brilhante Helena
Em anéis, amarras, casamento
Em ouro e prata é Ela
Desejo em colares nas bocas
Mulher pérola em pele cintila
sensual nas camas
A Hora as estações
Das paixões carnais
A que luta pelos seus ideais
Concha aberta menstruada
nas garras dos amantes
Afrodite, a Grega
Em mantilhas bordadas
Costuradas flores
Poderosa no olho da inveja
Proteção verdade
nas contas dos terços de Maria
mal augura quando falsa
Não é a outra, sempre é
Rainha no engate de ouro,
No dourado homem
mãos em conchas deslizam
nos seios, mamilos do Nilo
Aos ventos do sôfrego amor
Das paixões espirituais
Nasce adulta, virgem... adultera
Amarrada, acorrentada ao leito
No másculo peito, um coração
É camaleão, leoa
Pérola, a fêmea
A feminina
O mito
Mulher

Cíntia Thomé


Rio de Janeiro - Vôo






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