"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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28 de jan. de 2010

MARIA BETHÂNIA

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MARIA BETHANIA



O mar foi minha primeira viagem
O caminho dos sonhos ouvidos
De mergulhar, mergulhar
Banho divino da sereia azul
Rainha que abraça e laça
Castelos construídos e dissolvidos
Com o tempo... com o tempo

Suas ondas o colar cristalino
Elos eu criei, com meus olhos
A cor esmeralda das lantejoulas
Sol e água
Pérolas cobriram meu dorso
No peito medalhas e moedas
Sorte e riquezas navegantes
Ao longo do tempo... do tempo

Sapatos eu criei com meus passos
Dancei!Saltei! Vibrei!
Joguei todo tempo distante
Todo tempo... com o tempo
Para escolher meu destino
Em estrelas do mar do asfalto
Areia movediça eu vislumbrei

Esse mar da vida
Onde o rei é neon e cimento
Escultura fria, urbana tamanha
E seus andantes tristonhos
Horrendos!Enfadonhos!
Nua em pelo azul ainda fiquei
Coberta pela Rainha sereia
Protetora da mulher mareante
Todo o tempo...estrela todo o tempo

Ah Mulher marejada, sagrada Mãe
Que luta! Que sonha! Que ama!
Jogando nesse mundo, nesse chão
conchas e pão
Fitas de cetim e rosas mortas
Sobre os seios abrindo sua blusa
Oferendas de seu próprio amor coração
O amor próprio como pérolas
No caos, nos canais e cais dos portos
Ao sopro da melodia do vento
Todo o tempo...todo tempo

A lembrança solta do mar
A Rainha do mar que canta
Em suas sandálias de sal
Os sublimes grãos de areia
Do tempo menino... Azul todo tempo


Cíntia Thomé




























Imagem: Google

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