"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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11 de set. de 2009

Anima & Anima




ANIMA & ANIMA


Entre minhas pernas
embaixo das saias
das venezianas
tua cabeça corria
enlouquecia libido
O passado esconde-se
mas vem nos assombrar nas noites insones,
a lembrança não escolhe
o tempo e a hora,
ela coloca a cara e a mão
nas feridas
e nos rasga
até doer, doer muito.
o teu silêncio já é um funeral
que não vi,
Rezo missas por ti.

Morres dentro de ti
morres em mim com meus olhares
róseos de outrora, sem espinhos,
apenas uma gota orvalhada
nas manhãs
escorre o que gozo ao raiar dos dias,
na fresta, um filete de sol
eu nua de ti
renascendo e morrendo
em todas as paixões
que tive por ti.
Rezo missas por ti.

Nua e tresloucadamente vazia
ainda púrpura de pudor,
danço colada a ti
o sonho é alma
anima e anima
semi-viva entre as velas
de teu corpo
que sinto tanto
e dói muito, muito
tanto



cintia thome







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