"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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10 de jun. de 2009

PERFUME ANIMAL



PERFUME ANIMAL


A lua cheia
A loba desce dos
Saltos altos
Dobra-se, vai desnuda
Junto com seus fantasmas
Tenta gritar, arfando sua dor
Tenta fugir de si,
de seu cio incontido
Na luz, abajur lilás
A sombra de si
Um medo
Rasgado, fendendo-se
Soluça, soluça ausência
De seu próprio corpo
Apenas exala
Aspira teu cheiro
Carnal animal
Perfume de tua língua
Um viso
Dois corpos laivos
Na memória
Reflexos lascivos
Mancha, nódoa
No chão
Uivos altos
sem saltos



cintia thome





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