"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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31 de mai. de 2009

FILÓ-SOPHIA



Plantei cabides, inúmeros deles
Coloridos, sombrios
Um jardim íntimo
Que poucos viram, tocaram
Nos ombros, adquiri bolsas
Cheias de moedas, pedrarias
Caminhei com todos os sapatos
Do ouro ao branco, sandálias
Saltos altos vermelhos, roxos
Botas finas, pesadas no asfalto de meu armário
Pulseiras, colares, coleiras que me sufocaram
Pescoço de cisne, pérolas na boca
Rasgava sorrisos, mordidas sensuais
Corria gazela
com gavetas cheias de miudezas
de estórias grandiosas
Derramavam leite
meus seios firmes
pressa
Um anel com nome
Estrangulava identidades
Do que ainda poderiam ser
Todos os meus corpos
Amados e errantes
Multifacetados espelhos
O tempo retira
Sonhos, véus e vestidos
brocados, filós
Todas as vestes,
Sapatos cristais
modelos, personagens
As peles de leoa, raposa
Sobra único rosto
Sombras, rimeis, cremes
Escondendo quereres
Da minha busca
E de Sophia



cintia thome









































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