"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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12 de abr. de 2009

olhos na miragem


No talo há a dor, há a força
Do parir da flor em minhas folhas,
Meus olhos...
Precisas ter determinação, coragem
Enquanto as horas ainda não me abandonaram

Viajo envolvendo em minhas pálpebras
A imagem do teu perfume, miragem
Plácido rosto, em nuances coradas
Quando dizias que seria eterno
Sustentando o caule da vida

Na minha ternura
Fechava os olhos
Protegendo aquele momento
Para que não se despetalasse
Em qualquer bem-me-quer
E nenhum mal-me-quer de espinhos
Guardando a seiva das palavras

Nunca mais ouvi
Ou te vi nos dias e noites
Infindas
Onde quase o coração finda
nas folhas vermelhas
Veios de outono
Meus olhares

Folhas sangram cristais
Chuva
Esperando o rebrotar
em dor, mas amor
Da flor que falava
Que me amava
Falava... falava...
E com meus olhos cerrados
Molhados
Eu abraçava...


cintia thome




... Voa o pássaro, é a flor que lhe faz companhia; não é dia e nem noite... É apenas os teus olhos na miragem dos fundos, que nunca haverei de contar... 'A.Hernandez



























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