"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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17 de jan. de 2009

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20/12/2008


Na língua sabor de chuva
Sorvendo fel, talvez uva
sempre o choro da chuva
Frescor das cascas, folhas
Esfria os sentidos sem modos
Sem licença, sem decência
As pétalas, lábios tocam-se
Beijos molhados, sofreguidão
Sem vaidade, com vontade
sem hora, sem idade
Risos, choros
na nossa cidade
Gozo consentido,querido,
agora vinho perdido
As rosas vermelhas
pingam, perfuram lama
terra desse coração
Caem pesadas, tombam
ao chão
Quebram-se, espatifam-se
Cacos moídos
Diluídos

Talvez, quem sabe
Quando o suor do sol
Chegar (voltar) e brilhar
Nas bocas, nas línguas
O sabor valente, quente
E pra sempre
Fique
semente


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Imagem: Solange Mazetto

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