"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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2 de jan. de 2009

FOLHA

16/12/2008
Imagens Fotógrafa NãoSouEuéaOutra - Lisboa



ESCUTE


FOLHA


Da vida mar-rosa
foi arrancada
Do palácio
Jardim das delícias
Jogada ao mundo
Flutua verde
Nos campos minados
salta, anda
Voa pelas montanhas dos corpos
E contente salva
Desce pelas dunas do saber
Outonos... ocre cor

Paira nas multidões
Pássaros sem asas
Solitárias lágrimas
Corre ao vento
Com medrosas amigas
no chão, no chão
Foge... foge...
No adeus das esquinas
das cidades
Psique acaricia vontades
Cai e chora
Nos invernos
Triste
Amarela vagueia

Toca a primavera, a última
Sustenta Eros, o homem
Que rebrota, floresce
Volta cor, brilha verde
Num possível caule
Desgruda da despetalada rosa
Ah! Rosa Eros... Ah! Eros...
Espinho alheio fere.
Arrefece, desfalece

Vai, vai...
Sozinha ao sol
Entre o sal do mar
E pedras geladas
Nas gotas de chuva
E no verão
Verões, veranicos
É ainda bonita
Vence viva
Cora
Ao pensar no encontrar
Seivas de amar
Num olhar
De flor
E adormece sonha
flutua plana...
caminha

Ela é Folha
Camaleoa
Bela...
Ela é
A extraordinária...
Extraordinária


cintia thome




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**EROS E PSIQUE:Os deuses da mitologia grega costumam ter dois nomes, um grego e outro romano. Assim, Eros é o nome grego do Cupido e sua tradução para o português é Amor. Palavras com erótico e erotismo vem daí. Psiquê só tem esse nome que, em grego, significa alma. Psíquico, psiquiatria e psicologia nasceram dessa raiz.
O mito de Eros e Psiquê é a história da ligação entre o Amor e a Alma.
Mas existe o Inferno e lá Monstros...







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