"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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18 de dez. de 2008

PÉROLA NEGRA



PÉROLA NEGRA
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PÉROLA NEGRA


Na fresta dos vidros
Reflexos de nós
A luz pedindo socorro
Nossos olhares combalidos
Um abraço sentido
No teu corpo mergulho, escorrego
A pérola negra no teu ouro
Engate, um vivo anel
Teus pelos eriçam, ondas plenas
Um turbilhão, paixão eminente, quente
Nos teus céus a pérola mareada vacila
Rasgas seios e sorves minhas taças cristais
O champanhe e a rosa, bêbados de quereres
Banhando prazeres num “mar de afetos”
Tilintam nas horas da madrugada interminável
Levanta-me soberana, cintilo
Ofuscas abajur
E teu cio resvala minha carne, ostenta luz
Sangra-me certezas, uma escrava
O pompoarismo dos nossos corações
Prendes, engoles meus colares em ais
O fio de meia, a seda desfia a hora
Arrebentação em cadências freme, domada
Descanso na espuma de teu ventre
Dormes solto em minha concha
Presos aos lençóis, mãos entrelaçadas
Suores sôfregos flutuam no quero mais
A cápsula de perfumes embaixo de nossas línguas
E a janela trinca
Sabor de sal no sol
Estrela Manhã
Morrendo em cansaço nossas luas
Beijos unem colares pelos ares
Em teu nó forte
De desejo
E sempre.


Cíntia Thomé

Nov 2008


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