"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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19 de jun. de 2008

FACTO

NãosouEuéaOutra

Cansei do descaso
Mesmice que criei
Vi vidas ambulantes passarem
Olhei para o lado
Chorei por você
Bêbado feliz, por um triz
Pagando rodada de bebidas
Bares e risadas, um infeliz

E o menino na calçada
A buzina do apressado
Nas voltas e idas decaídas
O buzinaço do jogo ganho
Os cartolas rindo do outro lado
A pasta do executivo
Esnobe motivo

A faca transparente
Matando um pedaço
Do doce, um bocado
Não olharam pro meu lado
Faróis pedintes
Esperança vermelha
Quem sabe...a seguinte
Por acaso me viu?
uma luz, luz neon

Confesso que vivi
Condenada e malfeita
À espreita, um pecado
Um laço na cintura
No pescoço, no talo da flor
Sufocada pela ferradura
Sem aquele abraço
Na pele, o tempo
Aquele roubo,uma ladroagem
Dor imensa e densa imagem
Marginal, eu à margem

Alegria sonhada, grande gargalhada
Brincando de casinha
E comidinhas e bonequinhas
E uma vida hortelã
Perfeita com sexo
União e amor, família sã
Talvez um caso por acaso
Por descaso

Cansei de brincar de viver
De amar por amar
Armar barraco
Um pedaço do circo
A lágrima no palhaço
As luzes no chão, caso encerrado
E sangue ensopado círculo
No lenço que era a paz
Apenas um aceno
Uma bandeira branca
Perdida


Cíntia Thomé
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