"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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1 de mai. de 2008

LÍNGUA DE TODAS AS LÍNGUAS



LÍNGUA DE TODAS AS LÍNGUAS



Língua
Línguas das línguas
As que se desentendem
Serpenteiam ferinas
Língua que me xinga
Áspera exaspera
Queima
Arde desejo
Cospe
Língua mãe
Sem filhos
Erros errantes
Metáforas de nada
Engolem-se
Língua que passa em meus lábios
Não me beija
Cala-me
Faca, corta
Muda fico
Diante do querer
Que outra língua me fale
De Amor
Saliva doce
Mordo a língua
Soluço
Espero
Ouvir grunhidos
Teu grito
Tua língua
Estranha
Estrangeira
Em mim




Cíntia Thomé


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