"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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3 de out. de 2010

ORQUESTRA




ORQUESTRA


Ah! Meu amor
No compasso de violinos
Cantei meus hinos
Quando ainda eras um menino
Assim me apresentavas

Nesse caminho pela estrada
Não vi quase nada
Apenas o Céu e a Terra
Entre eles meu Rei
Que tanto amei

Entre as flores e suas dores
Entre espinhos feridos, o mangue
Entre folhas, a seiva
Destinos em colheita
Entre a carne quente, sangue

Ah! Amor
Nos rochedos, a gota nos olhos
Nas conchas, a surpresa
Uma mão sem medo
A riqueza dos mistérios
Teu corpo, um segredo

Ah!Amor
Nos passos, as chegadas
Nas despedidas, minha calma
Os retornos como adorno
Flores de bonança, esperança
Como beleza d’alma

Ah! Amor
Nos tropeços, arrefeço
Nas explosões, o bailado
No silêncio, a mestra espera
Anunciando orquestra
Viriam outras festas

Ah! Amor
Uma vida andarilha
De maravilhas
Aportei nas ilhas que bordei
Entrelacei futuros azuis
E lá muros encontrei

Ah!Amor
Nas portas que entrei
Tabernas que dormi
Descansei à procura de ti
Nas portas que fechei
Levantei-me à procura de mim

Ah! Amor
Vida menina
Vida jovem, pele moça
Hei de vencer, espero que ouça
No vai e vem da melodia
No destino dos cabelos
Brancos como as nuvens
Que a mim, num dia belo
Pensei passageiras

Cíntia Thomé








Tela: Cláudio Tozzi - 1970

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