soltos, revoltos vão as cavernas
os labirintos das veias, as artérias do ontem, dos séculos
voam a chibatadas do vento
num sopro de velas mal comidas
no frio do ventre sem espumas de amor
quebram parafinas das intermináveis novenas
e agora? nunca!
Devolva a Terra o meu sangue
perdido no tempo da promessa
das ilusões sentimentos nobres, das bocas articuladas
cuspindo fétidos perfumes, mau hálito das ervas
sonhos decompostos deste sorrateiro ser
fantasma dos meus passados
a agulha, seu dente que feriu-me
boba, quase adolescente, em rouge pálido
sangrou corpo e o apaguei na memória
vieste a lembrança das antigas mágoas
como água vi meus olhos rasos
impedi a verdadeira estória
na solicitude de reflorescência honrosa,
sem vírgulas e pontos
em caixas de pandora, em laços já desfeitos?
corre vazio de agora a dúvida sem sabê-la
sem começo vai leve como folha quebrada
desmaiada desintegra quase pó
por que já a hora aproxima-se
e leva a docilidade de mim
sem que fizeste estancar a ferida
no incerto, no duvidoso não tenhas feito nada
só ilusões e mentiras
você vocifera no canto desse coração
por que não pronunciei palavras
de culpa para ver nossas asas livres
não indague, não tenho respostas
leva ao firmamento em seu pensamento
é tudo que resta, restou até o completo desaparecimento
é a estrela que brilha ao miolo das flores
no talo alto que ali lamento, das rosas dos ventos...
dos ventos, dos ventos
Cíntia Thomé
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