"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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16 de mar. de 2011

amanhecer desvalido


não posso fazer mais nada
absolutamente nada
o dia está clareando, aí virão os carros
o vizinho abre sua janela, uma preguiça
o elevador não pára de descer
e eu aqui no alto tão alto
sou o descontentamento
anti mecânico, desvalida
um celular de mensagens vazias
permanecer imóvel com minha xícara de café
esfriando , sem erguer a mim mesma
as mãos oram algumas ave-marias
eu e Maria e o mundo lá correndo
os cães ladram nos quintais, os homens também
as calçadas encharcadas das mangueiras à toa
serviçais inúteis, águas nos ralos
eu aqui encharcada de pensamentos
no corpo, pelo coração
nada é tão gritante que eu não possa ter a certeza
que estou triste, triste
com o mundo de sons aqui dentro
mas o meu grito de amanhecer
ninguém escuta lá fora




cintia thomé





A luz apagou me tira daqui
Quem sabe esse amor
De noite sorri
Pois será como um filme
que a gente dormiu...
(Tunai - Músico)





imagem:@cíntiathomé flickr

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