"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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10 de jun. de 2010

NOTURNA PROCURA


A paisagem tão castanha
Fim da tarde, cobre pássaros
Adormecidas folhas em quietude
Um hálito que a noite será vã
Sem a estrela no meu copo de sonho
Compor flores seria morte
Certa uma insônia lenta
Quase mórbida de tanta espera
Para outra clara manhã
que remove saudade
Da noturna solidão
Que esconde a procura
De um fio colorido
Noutra vida esmaecida
Igual pálpebra cansada
Que não alcança a alegria
E nem mais traço
Da cor do amor

Cíntia Thome





Imagem: Olhares.

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