"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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10 de jan. de 2010

COR D'ÁGUA





COR D'ÁGUA
Cíntia Thomé


Os meus olhos são rasos d’água
Tão mareantes suplicantes
Recordo-te como se pudesse ser eterno
Em minha cama nas manhãs dos iguais
Ah! esse grão perdido de ilusão!

Meus olhos são folhas caindo
Não tão verdes outrora ainda fossem
Mas vão como a riachos, longe
Engolidas nas águas cor de mágoa
Tantos rios a dar ao nada
Mas vão ao fim, quase

O que seria este fim caudaloso
Se não tenho uma prévia
O teu riso, último encontro
De águas, a minha de esperança
As tuas do querer que ainda penso
Que soluças nas tuas memórias

Tempo tens de embarcares
Ver os meus olhos e essa queda d’água
Seria um mar de afetos ainda a brotar
Raízes no verde mar que você mergulhou
endoideceu vendo em fúria estrelas
Um mar de amor sem mágoa...
Cor cristalina d'água...




Cíntia Thomé


jan/2010

@Direitos Registrados


.Imagem Pintor francês Bertrand-Jean Redon, - tela Les yeux clos (Closed Eyes) 1890

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