"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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8 de jun. de 2009

IPÊS NOIVAS INFELIZES




Reconheço sua face
Esquecida nos séculos de mim
Junto às flores de outono
Nos ipês multicores
Que arrastam a poeira do fim da estação
Onde correm livres ao asfalto
Anunciando tempos invernais
Relembro o calor entre nós
Onde não choviam lágrimas
Eram tempestades dançando
De sorrisos brancos
Um manto de noiva sobre nós
A inocência, mas desejo
De sermos pra sempre
Agasalhados e felizes
Foi-se o tempo
Foi-se o tempo

as flores rebrilham
Não saio ás ruas
E sinto frio do esquecimento
Tenho medo de morrer
De saudade
E do vento,
a rejeição que sinto
Das mesmas árvores, ipês coroados
Que não desenham mantos
Sobre ninguém
E possam me olhar friamente
Tão tristes, infelizes como eu
Com sua ausência
Há tanto tempo
Foi-se o tempo
Foi-se o tempo




Cintia thomé




Imagem: google

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