"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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26 de nov. de 2008

UNDERGROUND



UNDERGROUND

No beiral, a calha quente
Expulsa a última gota
A lágrima fria
A calculada,
mas sem nada
Límpida empurrada
Pela sujeira
Do homem
Que se protegia
Sem convite
Na única casa
A firmeza morada
Da mulher
Que calor só dava
Com riso
Sanava fome
Sem saber
De nada
E a chuva
Leva
A última
Enxurrada
Ao abismo
Underground
De querer muito
Do habitante
Aquele que
Era
O quase
Nada

Cíntia Thomé

NOV 2008


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