"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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28 de set. de 2008

ALBUM DA VIDA




ALBUM DA VIDA

(para NãoSouEuéaOutra)


Emoldure em meus olhos
A melhor cena de mim
Uma criança com seu dedo na boca
O que será que estão fazendo?
Não, talvez a normalista
jogando seu diploma para o alto
Viva! Viva!
Não, talvez o meu sorriso
Vestida de quinze anos tão limpo bordado
A valsa com o príncipe
que já esqueci o nome
Talvez jovem no meio de campos florais
Entardecendo e rindo à toa
Talvez abraçada às minhas melhores amigas
Não, talvez no inverno na porta de um pub
Ou em Paris fumando um cigarro
Ou feliz de ter visto Deus no Grand Canyon
Não, talvez minha mão em aliança
Alvo dia das flores laranjeiras
Não, talvez com meus filhos no mar
Castelos de areia derramados e riso
Não, talvez despenteada, triste
olhando ao chão que perdi os pés e chorei
Não, talvez escrevendo como lei
uma carta para o amor distante
O que não veio, não chega
Sim, com certeza, em gesso
nua no espelho,
Atrás de mim na janela dos tempos
A sombra
Um homem.
Cíntia Thomé


DEDICO A HERNANDEZ


SET 2008

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