"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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7 de ago. de 2008

POSSÍVEL...



POSSÍVEL

Copo d’água
Na mesa
Ao lado, um livro
de Assimov
Um deserto dentro de mim
A paisagem do Saara na minha pele
No inimigo espelho
Sorver um remédio
Talvez absinto
Talvez açúcar
Assim açucarada ficaria
Remediado esboço da verdade
Mas vejo à frente uma primavera
Mesmo na rua dos outonos
Onde trinco com os pés
o vidro velho
espelhado
de meus invernos
natais
sem guizos
na solidão das capelas
meia noite
e eu ao meio-dia
com euforia
cato cacos
inda saltitando
aquela alegria


Cíntia Thomé

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