"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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15 de jun. de 2008

NAU


NAU

Seus olhos eram veleiros
Abertos lençóis de paz
Bandeiras trêmulas
Convidando- me a subir a nau
Corpo que me levaria a viagens
Entre águas, suores de paixão
Turbilhão e ressurreição
Proa que me daria direção
A terra firme, dos sonhos florais
Avistando gozados paraísos dourados
Deslizar, navegar sobre seu corpo
Em noites de sedução sob seu comando
Convidada perdida,
caça de seu galeão
Sôfrega a cada gota, resvalo gaivota...
Ao leito azul mediterrâneo
Nosso poema marinho
Sem tempestades, só vontades
Sem parar, sem ancorar
Aportar já eu estaria
Assim viajante e amante
Entre teus remos braços
Aos seus olhos em chamas
Acendendo meu olhar candelabro
Nunca ao cais...
Apenas a nau
Em balanço, sem rota
Aos nossos ais
Ao resvalo das gaivotas


Cíntia Thomé

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