"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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29 de ago. de 2007

MÃOS




MÃOS


Mãos
Começo da vida
Mão estendida
Dedo selado ao meu
Compromisso de vida
Mãos dos carinhos
Percorrendo caminhos
Levantaste meus pés
Nas madrugadas
Mão aquecendo do frio da escuridão
Mão afagando até o sono
Alimentando a tua fome
Mão sobre a tua
Beijos em minha mão
Mão indicando sóis
Caminhadas pelas ruas
No desenhar dos traços
As letras dentro de um coração
Num cartão que jaz sobre a mesa
E a palavra Amor ainda existe
Mão no ombro anunciando as chuvas de verão
Mão com flores para outra mão
Mãos, fios elétricos
Mãos a brincar de sonhar
Distraídas em meus cabelos
Alvoroçando a ternura
Mãos trilhos da viagem ainda incerta
Futuro das minhas mãos envelhecidas
Das direções que eram precisas
Mão combalida, estremecida
Mão sem apoio e perdida
Sobre a mão tua já tão fria
Colocando uma ferida
Sobre esse coração
No que foi só alegria
Mãos em vida atrevida...
Mãos partidas... Mãos vazias
Haverão de se encontrar um dia...
Inteiras.
Cíntia Thomé
*Ao meu filho Rudy, meu carinho eterno e inteiro.

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