"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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10 de nov. de 2010


FLEUR
FLEUR


Mergulhe na flor negra
Do ócio
notícia de ontem
Um canteiro
Cospe letras noturnas
Sabor noir

Desfolhe o que não sabe
Rasgue a minha blusa
Tem cheiro de amêndoas
Viço de hortelã
De chá das cinco
Amorteça assim
Lábios
E desejo

A pétala finge ser caule
As folhas
Da malícia
Abraçarão teus sentidos
Másculos, machos
E a flor desabrochará
Lilás
Névoa
fresca
de notícia


Cíntia Thomé


















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